15 de outubro de 2013

Blábláblá - Aqueles que escrevem fácil

Eu faço jornalismo e sou apaixonada pela profissão. Sim, eu sei que em breve eu terei que dar adeus aos feriados, aniversários, finais de semana e -ó Deus- passar o Natal dentro de uma redação, esperando alguma coisa importante acontecer. Então, é o seguinte. Eu queria mostrar um pouquinho esse lado e apresentar um pouco do que eu faço. A Blábláblá será uma coluna para postar aquilo que eu gosto de fazer: Escrever. Eu já tinha postado dois textos aqui antes, mas agora é oficial, agora é uma coluna! ~Fogos de artifício colorindo a página~
Então, lá vai! Espero que tenha paciência para ler tudo!


Você está lá, naquele ônibus apertado, às 17h30, e vê aquela pessoa que não para mais de escrever no celular. “Claro”, você vai pensar, “está no Facebook, maldita rede social, ou mandando mensagem de texto”. Mas não caro amigo, você pode estar de cara com a rara espécie daqueles que escrevem com facilidade.

Tem gente que começa a escrever e não para mais, a criatividade rola solta e o papel falta. Vai escrevendo pelo cantinho, vira a página, usa setinha e asterisco. É aquele tipo de gente que se inspira com qualquer coisa que vê na rua e, num guardanapo, no bloco de notas do celular ou até mesmo - Porque esse tipo de pecado Deus perdoa – na última página de um livro, sai rabiscando aquilo que para nós -ou pelo menos para mim- é algo incrível. Começa aquele texto engraçado, natural e leve que te tira risadas ou reflexões, daquelas bem profundas.

Você não encontra essa espécie em qualquer lugar, eles são difíceis de achar. Ou melhor, eles podem até estar por todo o lado, mas deixam para usar toda sua genialidade em casa, relaxando, sem a pressão dos olhares curiosos. Eles veem algo num jantar de família e isso já rende textos hilários, depois voltam para casa no trânsito - e que ótimo lugar para se inspirar! -, começam a fazer anotações, que logo se transformarão em algo lido por muitos e que será admirado.

Eduardo era um desses que escrevia como ninguém, ele ficava calado, só observando a movimentação das pessoas e criando tudo que falaria para complementar a crônica genial que ele escreveria logo, logo. Não era dos que se gabava do dom, era um dos típicos: mantinha um blog na internet, com diversas visualizações e sem revelar a sua identidade. Afinal, não queria ninguém "exigindo" temas para as suas próximas crônicas. Malditos fãs.
Até que ele conheceu Julia, uma aspirante a desenhista. Julia desenhava pessoas e paisagens com uma facilidade que faria inveja a muitos. E fez. Fez inveja a Eduardo. Seu dom de escrever sempre fora suficiente, mas nada como os traços de Julia! 

- Como você faz isso? - Ele perguntou um dia.
- Não sei... Só sai. - Julia, sempre tímida, respondeu, enquanto voltava a desenhar o rosto de Eduardo. - Agora fica quieto de novo, você fala tanto quanto escreve. -

Ele suspirou e fez que sim, voltando a observar enquanto ela desenhava. Então percebeu que era como ele, não importava o quanto os outros tentassem e pedissem, ela desenharia tudo o que queria bem, mas nada mandado. Julia e Eduardo. Eduardo e Julia. Cada um com seu dom, eram amigos e tentavam ao máximo passar um pouco do que podiam ao outro.

Anos se passaram, como era de se esperar, Julia e Eduardo se transformaram em Ju e Edu, um pertencendo ao outro. De mãos dadas, Eduardo pegou a mão de Julia e desenhou um anel no seu dedo anelar.
- Casa comigo? - O escritor perguntou, enquanto olhava aquele anel tão mal feito no dedo da desenhista. Ela riu e nada disse. Roubou a caneta da mão dele e, com a mão trêmula como nunca tinha ficado, escreveu na palma do escritor: Sim.

Um sim tremido. Como sempre seriam suas escritas e os desenhos de Eduardo.

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