Ontem foi o dia do jornalista. Dia
esse em que vi inúmeros professores demonstrando seu amor pela profissão,
vários colegas da faculdade compartilhando imagens e falando sobre como aquele
vinha sendo seu sonho e estava perto de se realizar. Parei pra pensar. Meu
sonho nunca foi esse.
Não me entenda mal, mas eu nunca
sonhei em ser jornalista. Nunca olhei pra TV e me vi ali, nunca roí as unhas
aguardando o dia de ver meu nome assinando uma matéria no jornal e, muito
menos, nunca quis que meus pais gravassem minha voz no rádio. Meu sonho sempre
esteve bem longe disso, talvez fosse o sonho americano da casa bonitinha, com
jardim e 2 filhos e um marido. Talvez não.
Eu só sei que nunca quis ser
jornalista e caí nessa profissão no meio de um jogo de prós e contras com duas
amigas sobre qual profissão seguir, algumas semanas antes de fazer a inscrição
para a UERJ. Daí aconteceu. Jornalismo. Depois de várias redações com notas
boas, depois de ser sempre “a bem informada”, de ser “a garota que gosta de ler
e escreve textos bons” –segundo as pessoas!-... Como eu nunca tinha visto isso?
A ideia foi tomando forma na minha
cabeça. Meu pai achou que tinha tudo mesmo a ver comigo, minha mãe começou a
sonhar em me ver na TV, as pessoas começaram a dizer que iam me ver na bancada
do Jornal Nacional. Era engraçado. E, no fim do ano, não passei para nenhuma.
Tentei no ano seguinte, de novo, me dedicando só aquilo. Passei! Perdi a data.
Chorei para a coordenadora, meu pai também. Nada feito. Silêncio no carro,
muitas lágrimas e frustrações.
Minha mãe sugeriu a faculdade
particular, meu pai não gostou, eu aceitei. Entrei com certo preconceito, com a
ideia de que não sairia devidamente formada como jornalista de lá. De que – o
que agora era meu sonho – não seria tão fiel ao que eu queria enquanto
imaginava. Hoje, eu estou realizando um sonho.
Está quase no fim. 7º período, muitos
trabalhos, dores de cabeça constantes e uma quantidade de risadas infinitas,
essas que muitas vezes se misturaram ao choro da incerteza. Porque não basta
você entrar, lá dentro, as dúvidas só aumentam. As teorias da Comunicação, o
Marketing, a História da comunicação. Tudo te faz pensar: “Eu não fui feita
para isso!” Estatística então? Por favor, eu sou de Humanas!
Mas cada vez que ponho os pés nas
escadinhas da faculdade me sinto bem. Cada dia me sinto mais próxima a um sonho
que será realizado e também mais insegura quanto ao que vem depois, com medo do
futuro e extremamente ansiosa para desvendá-lo e ver que ainda tem algo mais a
frente, que me dará ainda mais medo e ansiedade.
Eu ainda não sei se estarei na bancada
do JN, se vou ter uma matéria de capa ou se vou escrever o horóscopo do dia,
talvez eu seja a vozinha divertida do rádio que vai te acordar, porque estarei
na redação desde as 5h, preparando tudo pra você! Talvez eu esteja do lado do
artista badalado ou do jogador de futebol, dizendo tudo que ele pode falar e o
que não pode, talvez você me xingue no futuro pela minha opinião contrária.
Talvez eu esteja em uma pequena empresa em Curitiba, gerenciando a parte de
comunicação.
Mas... Talvez... Eu esteja servindo
café na minha própria cafeteria charmosa, estilo anos 20 ou 50, com prateleiras
e prateleiras de livros... Afinal, este era meu sonho desde o início.
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